O suicídio, mesmo com números alarmantes, ainda é um tema pouco discutido

20/09/2021

Por Silvia Rezende

Um problema de saúde que é responsável por ser a segunda maior causa de morte no mundo entre pessoas de 15 e 29 anos de idade e que tira uma vida a cada 40 segundos no planeta (cerca de um milhão de vidas por ano) ainda é um assunto carregado de estigma e tabus

O caminho é quebrar “tabus” e compartilhar informações.

Esclarecer, conscientizar e estimular o diálogo contribui para tirar o assunto da invisibilidade e, assim, mudar está triste realidade.

Falar sobre suicídio de forma cuidadosa e apropriada  é uma medida preventiva,  uma forma de diminuir  número crescente  de casos de suicídio que crescem entre crianças/adolescentes  e idosos.

O que é o setembro amarelo?

É uma campanha de prevenção ao suicídio. A iniciativa do setembro amarelo é um desdobramento do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que acontece no dia 10 de setembro. Ela visa promover e ampliar a discussão e ações sobre o tema.

Discutir sobre formas de prevenção ao suicídio passa por compreender o suicídio e seus múltiplos fatores e principalmente diagnosticar e tratar doenças psiquiátricas

Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria estimam que 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em números absolutos, a depressão é a doença mais associada ao suicídio, mas ela não é a única esquizofrenia. transtorno bipolar, Transtorno de personalidade borderline  e transtornos de humor também contribuem para quadros de  suicídio.

Existem outros fatores que aumentam o risco de suicídio fora os transtornos mentais :

  • História de tentativas anteriores de suicídio:
  • Abuso de substâncias.
  • Vítimas de homofobia, racismo e xenofobia
  • Estado Civil: O maior risco ocorre entre aqueles que nunca se casaram.
  • Saúde: O risco aumenta com doenças físicas como câncer, diabetes mellitus, AVC, Doenças Neurológicas como a  Epilepsia,  HIV e AIDS   e outras Condições Crônicas  irreversíveis

Muitos casos de suicídio poderiam ser evitados!

Saber identificar

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio podem ser evitados, saber identificar sinais é crucial na prevenção de um suicídio.

Os sintomas nem sempre são visíveis, muitas vezes são silenciosos, mas há alguns sinais para os quais podemos prestar atenção.

Um dos principais sinais que pode ser observado na depressão. É necessário atentar para mudanças comportamentais com tendências depressivas, tais como isolamento.
Deve-se ter atenção a casos de sofrimento psíquico e/ou físico considerado sem solução

É necessário estar atento a mudanças de comportamento das pessoas que convivemos diariamente .

As três características

O comportamento suicida é marcado por três características: a ambivalência, impulsividade e a rigidez/constrição de pensamento. A ambivalência está relacionada com o desejo de colocar fim à dor, mas ao mesmo tempo continuar a viver.

A impulsividade relaciona-se ao ato imediato, sem reflexão de pôr fim ao sofrimento que dominou todo o corpo naquele momento.

A constrição é a forma com que o estado cognitivo da pessoa fica, a consciência passa a funcionar de forma dicotômica, ou é tudo ou é nada. O suicídio é visto como a única maneira de solução e eliminação da dor

Além dessas características, existem quatro sentimentos persistentes na vida de alguém que deseja tirar a própria vida, também conhecidos como 4 D’s: depressão, desesperança, desespero e desamparo.

 

COMO AJUDAR?

Como ajudar pessoas com tendências suicidas ou que já tentaram tirar a própria vida?

A melhor forma de ajudar é estar presente, ouvir e levar ao atendimento especializado o mais breve possível.

Qual a melhor forma de ajudar pessoas cujos familiares ou amigos cometeram o suicídio?

Cada suicídio afeta de 5 a 6 pessoas próximas ao falecido que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas.

Atenção especializada

Muitos familiares sentem culpa pelo ocorrido e podem desenvolver quadro depressivo ou, até mesmo, terem pensamentos de se matar. Por isso necessitam de atenção especializada.

Os que perderam familiar por suicídio devem procurar atendimento para o sofrimento gerado, que pode ser individual ou em grupo (psiquiátrico, psicoterapia, grupos de ajuda etc).

SE VOCÊ PRECISA DE AJUDA OU CONHECE ALGUÉM QUE PRECISE, ENTRE EM CONTATO

É possível prevenir!

 

Silvia Rezende é Psicóloga, Pedagoga e coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES